domingo, 21 de agosto de 2011

Deu branco na Vesícula Biliar !




“Deu branco na vesícula biliar”

     Pedro dormiu pouco durante a noite, no máximo cinco horas, e nem foram contínuas. Aliás, dormia muito pouco ultimamente. Tinha chegado a uma faixa etária já beirando a terceira idade e, além do sono reduzido, característico da fase, era portador de algumas angústias permanentes, quase nunca aliviadas. Dentre elas, o fato de não sonhar, ou não se lembrar dos sonhos ao acordar, o que dava no mesmo. Pior do que não ter sonhos noturnos, ou não se lembrar deles, foi ter perdido a capacidade de tê-los enquanto acordado, deixar de fazer planos e parar de idealizar novos projetos de vida. E, ainda, ter desistido e abaixado a guarda perante a luta contínua da vida, como fala o poeta.
     Esses eram alguns dos motivos de suas angústias, mas não a sua principal preocupação. O que mais o incomodava era o fato de ocorrerem constantes falhas em sua memória. Esquecia, temporariamente, os nomes de colegas de trabalho, inclusive daqueles sentados próximos a ele. Não lembrava nomes de artistas famosos, de cinema e televisão. Às vezes, frases ficavam incompletas em sua boca, porque não achava a palavra a ser encaixada. Tinha medo do mal de Alzheimer. Vira um dos seus chefes, de mente brilhante, ser aniquilado por essa doença, e ele nem era tão mais velho assim.
     Estava também ficando muito distraído, sem foco. No início, pensava que seu grande poder de concentração sobre algo que eventualmente lhe dominava as idéias resultava em torná-lo alheio às situações ao seu redor, mas começou a achar que não era bem só essa a razão. As distrações e os descuidos estavam ficando muito freqüentes. Num dia, escovou os dentes com “Hipoglós”; no outro dia, abriu o chuveiro e quase entrou embaixo dele ainda de óculos; e, no outro, tomara seu remédio para pressão e guardou a caixa na geladeira. Ontem chamou seu fisioterapeuta de Marcão, quando o seu nome é João. Nas ruas, algumas vezes ficou desorientado, por instantes, sem saber se situar, sem recordar para onde iria.
     Saiu para o trabalho, reclamando do clima. O ônibus veio vazio. Acomodou-se na janela e deixou seus pensamentos viajarem, dispersos. Quando deu por si, estava quase entrando no Aterro do Flamengo e tinha que ter saltado três pontos antes, na Candelária. Soltou um palavrão e retornou a pé para o local de trabalho. Na entrada do edifício, cumprimentou o porteiro e sorriu satisfeito, pois tinha lembrado, sem hesitação, o nome dele.
     Seu dia foi produtivo, mesmo tendo dormido pouco durante a noite. Sua função de contador na empresa lhe exigia muitas responsabilidades, como o controle de inúmeras planilhas e precisão em cálculos. Sua rotina intensa não lhe permitia muito tempo para exercícios e, na verdade, Pedro estava mesmo preguiçoso. Já sentia, há bastante tempo, certas dores no pescoço, nos ombros e no cotovelo, associando as moléstias ao seu estado de sedentarismo. Sua digestão também não estava boa. Frequentemente recorria a medicamentos para melhorar os gases e certas enxaquecas.
     Ao abaixar para fechar uma gaveta, travou a coluna na mesma hora. Sentiu naquele momento, uma enorme dor que se refletia por uma faixa na região lombar. Desesperado, saiu “correndo” para o consultório do seu Osteopata, que, após aliviar suas dores, lhe informou que seus problemas eram decorrentes do mau funcionamento da Vesícula Biliar e que, vários dos sintomas associados já se manifestavam em seu corpo e na sua saúde.
     A vesícula biliar é uma estrutura que armazena a bile, produto esse fabricado pelo fígado e, na presença de alimentos no duodeno, secreta seus hormônios para processar a digestão dos alimentos, principalmente os gordurosos. Analogicamente, a vesícula representa a disposição com que a pessoa enfrenta as dificuldades da vida e seus obstáculos. As relações entre as emoções predominantemente ligadas a este órgão retratam os detalhes das execuções dos atos, da forma de planejamentos e a coragem nas atitudes com relação a nossa presença de espírito. Segundo alguns relatos antigos, na China, durante as guerras entre os clãs, soldados eram estimulados com acupuntura para tonificar pontos da vesícula biliar antes das batalhas, para assim, obterem um espírito corajoso e destemido.
     Metafisicamente, a vesícula biliar sofre influências importantes quando da vivência de inseguranças, sejam elas reais ou imaginárias. Os problemas na vesícula surgem em pessoas com tendências a serem rígidas e intolerantes, contrárias a tudo que acontecem, tem dificuldades em digerir o novo e negam os fatos. Sentem-se presas e sufocadas pelas situações que as pressionam constantemente, não conseguem se soltar e apresentam inabilidades em tomadas de decisões. Vivem entre a dúvida e o “talvez”. Perdem, com o passar do tempo, sua capacidade resolutiva e a força para resolver e focar os problemas.
     Os problemas mais conhecidos da vesícula biliar são: a vesícula preguiçosa e as pedras na vesícula (litíase biliar). A vesícula preguiçosa é muito comum em pessoas lentas nas mudanças, que demoram a se adaptar ao novo, reclamam demasiadamente, são egocêntricas e controladoras, possuem tendência a centralizar responsabilidades e dificuldade em expor seus sentimentos. Adotam dinâmicas mentais inseguras, tanto na área afetiva quanto profissional, como, por exemplo: “Sou amado pelos outros?”, ou, ”Será que eles me respeitam de verdade?”, ou, “Será que ela me ama pelo que sou ou pelo que represento?”. Essas resistências inconscientes reduzem as funções tanto energéticas quanto biológicas deste órgão.
     As pedras na vesícula são constantes em pessoas que param diante das dificuldades. Elas exigem que tudo seja do seu jeito. Quando não conseguem, relutam nas situações, impedindo que as circunstâncias sigam o fluxo normal. Tais inabilidades diante dos obstáculos promovem a perda dos potenciais de resoluções e das iniciativas do nosso Eu interior, aprisionando, assim, sua energia e, materializando em pedras suas inseguranças.
     Problemas biomecânicos são muito inerentes ao mau funcionamento deste órgão. Suas correlações neurovegetativas e neuromusculares irão transitar desde dores na região dos ombros,cotovelo,cervical, lombar, adutores das pernas, nos pés, bem como as famigeradas enxaquecas. Tamanha a complexidade deste órgão e interatividade, que suas mazelas poderão refletir inúmeros sintomas distintos, intermitentemente, manifestando incômodos desde o sistema digestivo ao locomotor. Tudo isto traz dificuldades de anamnese, até mesmo aos mais experientes profissionais da área de saúde.
     Quem precisou extrair a vesícula, por algum problema, com certeza foi acometido por seus desequilíbrios energéticos e emocionais. Agora, retirada à vesícula, a pessoa torna-se mais propensa à impor sua agressividade, falando logo sobre o que pensa a respeito das coisas que acontecem à sua volta. Já não consegue guardar nada daquilo que outrora não conseguia expor, nem medir suas palavras para falar sobre aquilo que a incomoda na situação. O sistema nervoso desta pessoa sofre com tais circunstancias, pois como tentativa de equilibrar as partes. O seu Eu Interior passa a cobrar rapidez e imediatismo nos fatos e o surgimento da ansiedade intensa se apresenta demasiadamente.
     Como podemos perceber, na grande maioria das pessoas que extraíram a vesícula, elas passaram a ser bem diferentes de antes. Às vezes impõem suas vontades de maneiras exageradas, como se fossem compensar os anos reprimidos. É comum recorrerem a medicamentos para déficit de atenção e transtornos de ansiedade. Não é a toa que o Brasil somente perde para os Estado Unidos nos índices de consumos destes remédios.
     Para aqueles que têm sintomas da disfunção biológica ou energética da vesícula, ou para quem já extraiu, sugiro liberar conscientemente sua força agressiva através de atitudes e exercícios, para sentir-se em condições de enfrentar os grandes obstáculos da vida. A ocorrência de uma doença do tipo mente e corpo, é uma oportunidade fantástica para reavaliar pensamentos e alinhar expectativas. É quase uma chamada para acordar, para despertar nossa inteligência emocional. Trabalhe intensamente suas inseguranças, retirando de si, essa mania de achar que tudo vai dar errado, procure adotar pensamentos positivos e, principalmente, alimente diariamente seus sonhos. Agindo assim, sua vesícula vai lhe agradecer eternamente.


" Você de bem com a vida é o fator principal para todos os atos seguros".


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